O terceiro volume do livro Contributos para a História do Movimento Operário e Sindical: 1990-2003, editado pela CGTP-IN, foi apresentado, a 29 de Outubro, na Casa do Alentejo, em Lisboa, pelas 17h30. Partilhamos as palavras que Fernando Gomes, membro da Comissão Executiva e do Secretariado do Conselho Nacional responsável pelo departamento de Cultura e Tempos Livres e Centro de Arquivo e Documentação da CGTP-IN, dirigiu aos presentes. A sessão contou ainda com as intervenções da secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, autora do prólogo, e de Américo Nunes, coordenador executivo e responsável pela redacção final do texto.
CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO MOVIMENTO OPERÁRIO E SINDICAL: 1990-2003
CASA DO ALENTEJO, LISBOA
29 DE OUTUBRO DE 2020
INTERVENÇÃO DE FERNANDO GOMES
Camaradas,
Agradecemos a todas e a todos a vossa presença, especialmente num tempo em que nos é recomendado o distanciamento social, quando o que conta é mesmo o distanciamento físico e a protecção individual.
A todas e a todos o nosso obrigado.
No dia em que lançamos o volume III dos Contributos para a História do Movimento Operário e Sindical: 1990-2003, quero destacar três pontos que me parecem essenciais neste e nos dois primeiros volumes deste livro:
Primeiro ponto: a importância que tem o conhecimento do passado, e a secretária-geral Isabel Camarinha refere-o no prólogo a este terceiro volume, para melhor se compreender o presente e mais sustentadamente se perspectivar o futuro. Se não conhecermos o caminho que nos trouxe até aqui, se ignorarmos os desafios que os trabalhadores e o movimento sindical enfrentaram ao longo dos tempos na sua incansável demanda por melhores condições e dignidade no trabalho, pela justiça social, pela liberdade, pela democracia, pela paz, estaremos desamparados nas lutas que temos pela frente. E não são poucas nem menos desafiantes. Estes Contributos são, portanto, uma ferramenta de apoio indispensável para os actuais e futuros quadros sindicais no desenvolvimento da sua acção.
Mas atenção: não se chega ao conhecimento do passado apenas por intermédio da memória dos camaradas que, felizmente, dele deixaram e nos deixam testemunho. É fundamental identificar, organizar e preservar o património documental e museológico do movimento sindical. É preciso que o façamos nos sindicatos, nas uniões, nas federações, na CGTP-IN, onde esse trabalho tem vindo a ser feito desde 2006. É este património que nos permitirá escrever a nossa própria história, não deixar essa responsabilidade apenas para os que, de fora do movimento sindical, com a sua própria agenda e preconceitos ideológicos, o fazem. É um alerta que, entre outros camaradas, nos deixou Américo Nunes, no lançamento de um dos seus livros, há uns anos, nesta mesma casa.
Segundo ponto: da leitura destes três volumes, parece-me inquestionável que podemos eleger como um dos pilares centrais da acção sindical a unidade, a construção da unidade na acção, da unidade como processo colectivo e democrático ao serviço dos interesses e direitos dos trabalhadores e da sua organização. É também a unidade um dos maiores desafios que se nos apresentam hoje, tal como aos que nos antecederam na missão que, com humildade e firme convicção e determinação, também hoje assumimos como nossa.
Aliás, na última parte deste terceiro volume, a parte dez, não deixam dúvidas as palavras de Américo Nunes a este respeito, quando, olhando criticamente para os debates sobre sindicalismo que se fizeram entre sindicalistas e estudiosos do mundo sindical e do trabalho, por ocasião do 25.º aniversário da CGTP-IN, em 1995, diz claramente que, uma das conclusões que deles se pode retirar é que «[...] a unidade, a solidariedade, as práticas democráticas, o debate com os trabalhadores e a sua informação permanente são imprescindíveis para uma acção sindical eficaz, quaisquer que sejam os suportes, meios e formas de transmissão dessa informação […].»
Um terceiro ponto para evocar aqueles e aquelas que deram corpo a este caminho colectivo que nos trouxe até aqui. É a força do colectivo que move este nosso movimento sindical. É inquestionável. Mas inquestionável é também que este colectivo se faz de homens e mulheres que deram a sua vida por uma causa, a causa dos trabalhadores, que souberam construir, em unidade, este edifício que é a CGTP-IN e o movimento sindical que representa.
Uma unidade alicerçada nas diversas correntes de opinião político-ideológicas, conforme consta dos Estatutos da CGTP-IN, correntes essas representadas por sindicalistas diversos, que aproveito para homenagear, não podendo nomear todos, nas pessoas de Daniel Cabrita, Armando Teixeira da Silva, Manuel Carvalho da Silva e Arménio Carlos. Mas também Carlos Alves, Kalidás Barreto, Rúben Rolo e Carlos Trindade. Mas também Maria Emília Reis e Ulisses Garrido. Por último, referir Manuel Correia Lopes, reconhecido por todas as componentes unitárias da CGTP-IN como alguém que marcou a vida desta Confederação.
Como se pode constatar, esta Central só tem a força e a influência por todos e todas reconhecida porque se teve a arte e o engenho de encontrar espaços e formas de convivência e confiança entre todos.
Temos a responsabilidade, camaradas, todos nós, homens e mulheres que hoje estamos nos locais de trabalho, nas ruas, nas mesas de negociação, no movimento sindical, na CGTP-IN, de manter vivo e pujante este edifício construído, tantas vezes, com o sangue e a vida dos que, tijolo a tijolo, o foram erguendo. Temos a obrigação de continuar a aperfeiçoar este projecto que é a CGTP-IN.
Viva a luta dos trabalhadores!
Viva a CGTP-IN!